Thursday 16 August 2007

Agosto, 16 - Porto (1212 Km)

E assim fica provado que uma noite dormida numa boa cama, num hotel sossegado e durante oito horas seguidas sem interrupções pode fazer maravilhas a uma pessoa. O cansaço todo do dia inteiro como que se dissipou e hoje arranquei com a energia toda. Já tinha deixado tudo completamente arrumado na noite anterior (um hábito que percebi me trás alguma paz de espírito em terras longe de casa, vá-se lá saber porquê) e por isso rapidamente abandonei o hotel. Optei por ir tomar o pequeno-almoço fora e fui ao Vianna na praça principal de Braga comer uma torrada e beber um capuccino enquanto lia A Bola (ainda não foi desta, Pedro ;-)). Estavam tudo óptimo e foi mais um suplemento de energia bem necessário para a viagem.

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Café Vianna, Braga

O plano foi seguido mais ou menos à risca, pelo que "levantei ferro" em direcção a Monção bem no topo do nosso país junto ao Rio Minho que nos separa de "nuestros hermanos" por aquele lado. Por ingenuidade pensei que ia encontrar aldeias e vilas perdidas e desertas mas o que encontrei, especialmente em Monção e Valença do Minho, foram resmas de turistas, especialmente franceses e emigrantes. Como não dispunha do tempo todo do mundo - propunha-me ir descobrir um restaurante vegetariano em Caminha - optei por não parar e apenas dar uma breve e curta volta pelo centro dessas terras. Ao sair de Valença deparei-me com uma fila atípica e lembrei-me de uma informação de trânsito há uns dias que dizia que por causa de obras entre Valença e Vila Nova de Cerveira, havia filas de 4 Km para cada lado. Verificando-se isso hoje ou não optei por jogar pelo seguro - mais ou menos... - e atalhar caminho por outro lado. Com a ajuda do mapa lá segui um caminho mais longo alternativo e cheguei passado pouco tempo a Cerveira depois um cross-country para mais tarde recordar.

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1000 Km de viagem cumpridos às 10:46 da manhã

Não havia tempo para visitar Cerveira convenientemente pelo que continuei até Caminha. Encontrar o restaurante, apesar de ter a morada assente no bloco de notas, não foi nada fácil e decidi pedir ajuda a um mecânico que estava à porta da sua oficina. Apesar de não conhecer o restaurante pelo nome, o senhor prontificou-se a ir buscar um mapa de Caminha e assim vimos a localização da dita rua. Ele perdeu-se em explicações que só me confundiam, apesar de toda a sua boa vontade notória, pelo que lhe pedi se me dispensava o mapa o que ele também generosamente fez. Assim rapidamente encontrei o restaurante e ainda cheguei às horas que me propus (passando por Espanha rapidamente, para pôr gasóleo em Tui).

O restaurante só visto. Faz parte de um empreendimento chamado Botica das Carlotas que actualmente conta, além do restaurante, com uma loja de produtos naturais e consultas de naturopatia e acupunctura, entre outras coisas. À entrada vi a ementa num ardósia e agradou-me, subi as escadas e vi uma senhora, uma rapariga e um rapaz com tipo de donos da coisa mas numa sala pequena com a cozinha anexa de forma aberta. Disseram-me logo para entrar, para estar à vontade e assim fiz, pois rapidamente me senti em casa. São pessoas que, pelo que conversámos, partilham exactamente da minha (e da minha família mais próxima) filosofia no que diz respeito à alimentação e aparentemente em relação à medicina. A comida em si foi fantástica e uma fotografia (ou duas, vá) diz mais que mil palavras.

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Tofu com Legumes Salteados na Botica das Carlotas em Caminha

Já passava das três horas mas antes de abandonar Caminha senti que devia retribuir a generosidade e aproveitando para andar um pouco a pé e ajudar à digestão (estava cheio até não poder mais) foi ter à oficina do dito senhor e devolvi-lhe o mapa agradecendo os préstimos. Ele ficou feliz e eu também. Todos ganharam e eu almocei a tempo e horas no sítio certo. Pelo caminho até lá telefonei para o hotel onde tinha ficado quando fui ver Dream Theater, junto ao Coliseu, e aceitaram-me a reserva, guardando o quarto até às oito da noite. De forma a não correr riscos, optei por seguir pelo IC1 até Viana do Castelo mas vendo o trânsito caótico na periferia da cidade decidiu seguir o resto da caminho até ao Porto pela A28. Cheguei por volta das 16h30 e mais uma luta para me lembrar do caminho certo para a Rua Passos Manuel, ainda para mais entrando no Porto pelo Norte. Depois de enganos e desenganos finalmente cheguei ao sítio certo, meti o carro na garagem do costume e vim para o Hotel. Entretanto só saí para ir tirar umas fotografias à Avenida dos Aliados, já ali ao fundo da rua, visitar a FNAC aqui mesmo a escassos metros e comprar uma tripla para poder ligar mais do que uma coisa à única tomada disponível no quarto (claustrofóbico, devo dizer...). Mas depois de ligar a Playstation, então não é que o raio da TV apesar de ter entrada SCART não tem depois maneira de meter a TV em AV?! Tentei de tudo e nunca tinha visto uma coisa assim. Ainda estou a digerir o desapontamento de não poder fazer umas jogatanas de Pro ainda para mim depois de ter começado uma liga nova ontem, cheio de moral...

Aproveitei para converter a desilusão em motivação e dei um bom avanço na tradução. Vou dar-lhe mais um bocado antes de ir dormir e noto que entretanto o meu padrão de sono já está bastante regular e no sítio que devia ter estado antes de começar a viagem. Vou aproveitar e tentar dormir mais uma noite boa, apesar dos barulhos que vêm da rua (estou no primeiro andar sobre uma rua particularmente movimentada).

Ah, falta a foto tradicional...

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Quarto do Residencial Escondidinho, Porto

É impressão minha ou os quartos têm vindo sempre a piorar de dia para dia? :-/

Amanhã... para casa.

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